Em Braga as celebrações de Natal começam com bananas e vinho moscatel. A tradição bracarense manda “comer uma banana e beber um banano” nas horas que antecedem a ceia de Natal.
O “Bananeiro”, nome pelo qual o ritual é conhecido, acontece no centro da cidade, na emblemática Rua do Souto, e conta com a presença de milhares de bracarenses que aproveitam este momento para trocar entre si votos de Boas Festas.
Casa das Bananas em Braga no Natal: paragem obrigatória
Em Braga, são muitos os locais que convidam a encontros de Natal mas é na Casa das Bananas que se faz sentir o verdadeiro espírito natalício.
A Rua do Souto é preenchida por luz, pessoas e muitas conversas. A par dos clientes habituais que não abdicam da tradição, reconhecem-se facilmente aqueles que fascinados pela curiosidade em experimentar a famosa combinação da banana com moscatel, juntam-se à multidão para nunca mais faltarem.
Lembranças que contam outras histórias do número 26
Com o entardecer, várias são as pessoas que se vão aproximando da porta com o número 26. Juntos brindam, sorriem, recordam histórias e participam de um convívio diferente: numa mão um copo de moscatel, na outra uma banana!
As paredes daquele que é um dos estabelecimentos mais antigos da cidade são testemunhos de momentos de partilha. O Bananeiro é no fundo, um espaço de união e de calor humano, que nos dias que correm é cada vez mais incomum.
A recordação de uma antiga tradição: os “Toquinhos”
Em tempos em que era difícil aos bracarenses acederem a certas iguarias consideradas luxo – como as bananas e licores engarrafados nas típicas garrafas das Caldas da Rainha de formatos fálicos e outras formas exóticas – a Casa das Bananas resolve inventar os “toquinhos”!
Mas o que eram os “toquinhos”?
Nada mais, nada menos que restos bons de bananas, cortadas em pequenos discos com cerca de dois a três centímetros de espessura.
Estes discos faziam muito sucesso e eram vendidos à molhada fazendo as delícias das crianças. Mas não eram os únicos. Também os adultos surgiam em grupos de amigos e partilhavam momentos de descontração e degustação, em especial com o acompanhamento de determinadas bebidas brancas.
Com os anos a tradição foi-se alterando. O estabelecimento aumentou e o modelo de negócio evoluiu, pelo que, nas últimas quatro décadas novos costumes surgiram.
E foi na época natalícia que se vincou uma das tradições preferidas: “comer uma banana e beber um banano”! Este hábito, para além de se manter vivo, tem vindo a ganhar de ano para ano maior notoriedade, chamando a atenção do resto do país.
Origem do Tradicional Natal do Bananeiro
O Natal do Bananeiro surge há quarenta anos atrás quando comerciantes da Rua do Souto se decidiram reunir à porta do número 26, ao final da tarde do dia 24 de dezembro, com o objetivo de desejar “Boas Festas” a conhecidos e desconhecidos, acompanhados de um cálice de vinho moscatel e uma banana.
Ano após ano, o convite foi passando de boca em boca e novos adeptos foram chegando. Um balcão foi montado à entrada do estabelecimento para melhor receber a crescente clientela. A rua tornou-se pequena para tanta gente. Atualmente, este é um acontecimento que se pode comparar a um pequeno São João.
Natal do Bananeiro: Guia para a primeira vez
Dicas para quem deseja participar no Bananeiro pela primeira vez:
- No dia 24 não se esqueça: comece cedo a preparar a consoada. O bacalhau e as batatas, a doçaria tradicional, a toalha festiva, os pratos e os copos devem ir cedo para a mesa, para que a meio da tarde consiga dar um saltinho ao Bananeiro.
- Pode trazer a garrafa de Moscatel de baixo do braço e a banana na mão. Ou então, não se esqueça da carteira, pois ambos os ingredientes principais da tarde estão à venda na Casa das Bananas.
- Guarda-chuva na mochila. Estamos em Braga e probabilidade da chuva dar um ar da sua graça é elevada. Porém, não se preocupe porque nem isso o fará arredar pé mais cedo.
- Boa disposição! Com ou sem bananas, com ou sem moscatel, é tudo o que verdadeiramente precisa!
Aceita o convite? Encontramo-nos lá! Tchim-Tchim e Boas Festas!!
Texto de: Renata Vidrago, em WeBraga